sexta-feira, 1 de junho de 2012

Traçados

Aproximei levemente as pontas dos dedos nos lábios, como que se quisesse pará-lo. Num súbito impulso, levantei a mão na intenção de captar as palavras - elas, que mal saiam de tal boca; elas, submersas em meus pensamentos. Num movimento de sucção, pressiono. Conquisto pedaços e eu própria me engasgo.
Em meia luz, observo atentamente suas curvas negras sobre este leito vermelho. Te leio e releio afim de decifrar-te - de decifrar-me. Ter mais de você é ter mais de mim.
Sugo de sua boca - que na verdade é senão a minha - cada ímpeto que tens atordoado. Instigo as possibilidades de nos fazer acontecer. As possibilidades sempre seguem o fluxo do desejo - disto eu sempre soube. Inebrio qualquer coisa assim, pelo simples desejo de escrever.