terça-feira, 8 de maio de 2012

O epílogo do enlace.


Perfumei nossas fotografias e te fiz valer poesia. Com desvelo, uma a uma, beijei-as como se fosse nosso último contato. Fitei teu rosto por instante e em seus olhos pude ver um amor que nunca tive - dói demais ter de guardar estas lembranças.  

Sei que, amores assim, merecido de todo carinho, devem ser embalados nas mais bonitas caixas de presente, com um laço bem dado, para que não se percam com o tempo. Para que os ventos do futuro não oxidem, quando esta caixa se tornar uma caixa de passado. Espero ainda me perdoar por este pouco entendimento em química, por esta pouca habilidade com o vento, que desmancham com o tempo e amarelam os papéis de fino trato.

Falando em papéis, por horas fitei este papel em branco, do qual escrevo. Encarei-o como encarei aquela tua fotografia. Cerrei meus olhos e meu peito na medida em que fui percebendo como é difícil falar de ti. O como é difícil fazer com que desenhadas palavras - esta junção de letras e sílabas e suas sonoridades - possam obter algum sentido. Como é difícil me despedir de teus olhos, ainda que pelas fotografias - que beijo, e beijo e beijo com tanto carinho e agonia. Que fica o vazio em meus olhos refletidos no vazio desta folha em branco, neste fluxo de sentir contínuo, que me faz voltar e voltar e voltar nestas fotos, ainda que frias.

Enceno. Faço e refaço, protesto e protelo o momento em que darei o laço forte que envolve esta caixa. Este embrulho!
É amarela como pediu, a fita - tenho ainda sua voz falando sobre ela. Mas, assim como enlaçar, ela, a fita; a caneta contorna palavras em versos sem fim. Assim, na esperança de que as fotografias continuem a surgir por entre nossas fitas amarelas.