domingo, 20 de novembro de 2011

Um Fora às Paredes

É possível observar nos olhos àquele mais experiente. Em seu passo preciso, sincero, despretencioso. Seu faro maduro. Orelhas atentas, ligeiras. Olhar sabido, fita-o de modo a te despir, à ensinar. E ensina.
- Vem das ruas, este maltrapilho!
Entre as paredes estão os gordos, os mimados, os infantis babados. Entre estas mesmas paredes, porém, latem. Latem feito covardes, com suas fuças entre as grades. Latem como quem pode. Late medíocre, o estúpido cão. Cão de rua não late!  
Estes mesmos estúpidos medíocres cães pulam, correm, brincam feito crianças. Feito tolos provam da imensidão do mundo. Até que chega a fome, o frio, o cansaço. - O que há de se fazer da vida?
Come a vulnerabilidade das ruas e caga seus instintos de proteção, o cachorro solto. 
O cachorro homem.