sexta-feira, 15 de novembro de 2013

das cartas coladas

Desfiz as malas e toda a bagagem - daquilo que tinha, que sabia, que era ou que pensava. Estava pronta para deixar ali os meus raios e fincar minhas raízes. Pesei a promessa no chão, marcando com os pés o caminho, que faziam a única dupla de todo aquele composto de coisas que me faziam uma só. E era só. O maço no bolso em seu fim denunciava, e atava os nós na garganta por entre a fumaça. A lata seca da cachaça negava a loucura que vinha em dilúvio, este, sob o céu cinzento. Eu me vi ali, no banco úmido da praça, balbuciando estes nós, de pronome e de laço, que não chegaram a acontecer. Entre outros bancos, tão vazios quanto os meus, caminho entre a poesia no papel que ali foi colado. Eram outros compostos que marcavam a presença e contavam um pouco sobre si e sobre o outro, e a mim batia no peito as mesmas palavras - falava de seus pés no chão e cantava a favela em sua frieza e calor. O humano. Tão humano que doía. O cartaz no banco me perguntava: a obrigação virou refúgio? Não, respondi, sem o ponto de interrogação.